02 outubro 2005

351 a 360 (buzina a caviar)

351 – buzina
Aqueles dois olhos luminosos, destacados na noite, avançavam em sua direção. Quando o alcançaram, uma buzina foi a última coisa que ouviu.

352 – sorvete
Manuela chupava o sorvete muito lentamente. Mas quem se derretia eram os olhares que testemunhavam a cena.

353 – paixão
Ele estudara a Bíblia, o Corão, o Talmude, Confúncio, Buda e Platão. Mas continuava não entendendo bulhufas acerca da paixão.

354 – livros
Plena madrugada, naquele prédio estava sempre acesa a terceira janela. Um doente terminal vivia com intensidade, lendo todos os livros que ainda podia.

355 – flores
Flores murchas ornavam as janelas da velhinha meticulosa. Os vizinhos distraídos e a família ausente demoraram meses para achar seu cadáver na sala.

356 – reeleição
Quando o velho deputado perdeu pela primeira vez uma reeleição, a família agradecida fez uma grande comemoração.

357 – almofada
Ao sonhar com o namorado, Débora dormia abraçada com a almofada. Ao acordar, ela estava toda molhada.

358 – suspiros
Tarsila fugia do mundo na biblioteca. Lendo fogosos romances, soltava discretos suspiros, atraindo os sáficos e platônicos olhares da bibliotecária.

359 – casal
José, Pedro e Maria formavam um casal. Como assim? Simples. Para eles era muito bom e natural.

360 – caviar
Severino comeu caviar e arrotou. Que saudades da buchada de bode! - suspirou.
Microcontos de Carlos Seabra - http://seabra.com/microcontos

Anonymous Jose said...

caro , o 353 é uma delicia. o micro conto com rima dá muito certo

abraço
jose santos

17/11/09 16:03  
Blogger Renan O. Pacheco said...

"Flores murchas ornavam as janelas da velhinha meticulosa. Os vizinhos distraídos e a família ausente demoraram meses para achar seu cadáver na sala"

Nossa! É a velocidade do mundo moderno, descrito em pequenas palavras.

Parabéns por todos os seus trabalhos!

PS: Só não gostei de você ter ganhado de mim no TOC140. ;)

13/3/11 20:14  

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