11 julho 2005

291 a 300 (falsário a barzinho)

291 - falsário
Que injustiça! - pensava o falsário, preso com vários documentos de identidade. Fernando Pessoa também tinha heterônimos e nunca fora em cana!

292 - contrato
Na hora de assinar o contrato com a casa de espetáculos, o adestrador de pulgas foi muito reticente, recusando-se a colocar os pingos nos is.

293 - Gestapo
Otto tinha trabalhado na Gestapo. Agora, já bem velhinho, limitava-se a arrancar devagarinho as pernas das moscas que conseguia capturar.

294 - quentão
Na festa junina beijou todas. No dia seguinte, as fotos estavam na internet. Era o cruzamento do quentão com a tecnologia.

295 - araponga
O araponga falava latim com fluência. Tinha aprendido a espionar no seminário.

296 - lacônico
Era um anão lacônico com dotes literários; o máximo que conseguiu escrever até hoje foi um microconto.

297 - remorso
A cabeça do veado adornava a lareira com seus galhos e um eterno olhar meio acusatório, que trazia algum remorso aos descendentes do caçador.

298 - preguiçosa
Ela estava tão preguiçosa que, naquele dia, quando o amante a convidou para sair, preferiu traí-lo com o próprio marido.

299 - bola
Eram onze com camisa e outros onze sem. Todos corriam atrás duma bola já descapotada, único componente do jogo que não gritava ordens ou xingamentos.

300 - barzinho
O casal encontrou-se no barzinho. Sentaram-se à mesa e cada um atendeu seu celular. Quando ambos desligaram, voltaram a ficar em silêncio.
Microcontos de Carlos Seabra - http://seabra.com/microcontos

Postar um comentário

<< Voltar para a página inicial