04 junho 2005

191 a 200 (média a laxante)

191
No emprego o ambiente era estressante; tinha que fazer média o dia todo. Pra compensar, na padaria sempre pedia em copos separados o café e o leite.

192
Seu Ermelindo roncava tão alto que ele mesmo em seus sonhos não conseguia dormir.

193
Desde a contratação do novo salva-vidas, aquele rapagão forte, os casos atendimentos de socorro na praia tinham aumentado imensamente.

194
O pequeno órfão da rua busca a mãe em qualquer um que lhe estenda a mão e procura o pai em todos os que lhe dão o pão.

195
Noite após noite, ela escapou da decapitação. Mil e uma vezes teceu mundos com sua narração.

196
Os decapitados andavam sobre as mãos ou arrastavam-se de joelhos. Era um pesadelo sem pés nem cabeça.

197
Maria Rita arrancou os olhos de sua boneca. No lugar colocou os que tirou do irmão.

198
Numa tarde sem vento, de onde vinham tantas ondas naquele lago calmo? Um bote com dois namorados fornecia, mudo, todas as respostas.

199
Arlete esperava o avião. Todos foram pousando, só o de seu namorado não.

200
O ministro da economia vivia com prisão de ventre mas recusava-se, por princípio, a tomar laxante.
Microcontos de Carlos Seabra - http://seabra.com/microcontos

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