18 junho 2005

231 a 240 (maestro a gângster)

231
O velho maestro, já bem alcoolizado, brigou com o barman, que não obedecia sua regência com o tilintar dos copos que lavava.

232
Quando ela recebia algum homem, a vizinha de baixo até desligava a inseparável televisão, para melhor monitorar todos os ruídos e murmúrios.

233
Com um binóculo na mão e uma parte de seu corpo na outra, o jovem voyeur esquadrinhava metodicamente todas as janelas da vizinhança.

234
Ela era a princesa do mundo virtual, com centenas de amigos no Facebook, para compensar os que não tinha na vida real.

235
Ela usava piercing na língua e ele no genital. Tiveram que ser socorridos após muitas horas presos no sexo oral.

236
Seu pai fora bicheiro e jamais jogara. Ele era traficante e nunca cheirou. Como foi que justo sua mulher, aquela puta, tinha gozado com o cliente?

237
O detetive, na campana, esperava para fotografar mais um adultério. Ao ver a entrega dos amantes, mudou de profissão.

238
Dona Rosa andou de avião pela primeira vez na vida. Ao ver tantas nuvens lá embaixo, desenhando bichos e castelos, ficou com saudades de sua infância.

239
A chaleira apitava e a velhinha, já meio surda e gagá, saiu correndo para pegar o trem.

240
Em outra encarnação ele tinha sido um perigoso gângster. Hoje, professor numa escola da periferia, tinha o carro arranhado pelos alunos.
Microcontos de Carlos Seabra - http://seabra.com/microcontos

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