22 maio 2005

141 a 150 (enfermeira a atropelado)

141
A enfermeira aplicava injeções tão bem que os elogios a seu trabalho eram abundantes.

142
Ele levantou o traseiro da cadeira mas os juros continuaram a tomar-lhe a dianteira.

143
Ele ainda não estava preparado para a inclusão digital e ficou com o analógico a lhe doer.

144
Nua na varanda, ela louvava a lua cheia, acompanhada por dezenas de olhos, atrás das janelas de luzes apagadas da vizinhança.

145
O chapeleiro maluco dava pulos de alegria quando chegava seu melhor cliente, um verdadeiro bicho de sete cabeças.

146
Apesar de agora ele ser um príncipe, ela sempre ficava com um gosto de batráquio na boca após cada beijo.

147
Os semícaros eram um povo unialado, cada qual com uma única asa. Para voar, tinham que escolher alguém e se abraçar.

148
O escritor plantou um pé de feijão mágico, que cresceu muito. Quando ia subi-lo para o castelo nas nuvens, foi detido por violar direitos autorais.

149
Espetáculo diário, a cada degrau que o velho subia, com o auxílio das muletas, soltava cabeludos palavrões, repetidos pelo papagaio do vizinho.

150
Lutando contra a ditadura, passou dos oitenta anos de idade, mas ao dar um mero passeio noturno no quarteirão, morreu atropelado.
Microcontos de Carlos Seabra - http://seabra.com/microcontos

Postar um comentário

<< Voltar para a página inicial