05 janeiro 2005

111 a 120 (borboletas a momento)

111
As borboletas eram tão lindas e coloridas! Pena que não voavam nem viviam, todas espetadas com alfinetes num quadro.

112
Abre a boca e olha o aviãozinho! Ele abriu e comeu tudo, mas alguns passageiros ainda ficaram presos em seus dentes.

113
Ele adormeceu lendo alguns contos de Augusto Monterroso. Quando acordou, a sogra ainda estava lá.

114
O novo aparelho garantia orgasmos sem fim. Exausta, sem mais forças, ela ainda tentou achar o botão de desligar.

115
Deixou o carro com o manobrista e foi-se embora. Horas mais tarde, quando se lembrou, não conseguiu evitar o vexame na delegacia.

116
O louco no alto da montanha mascava cactos alucinógenos. Quando desceu, formou-se em direito e hoje é um digno promotor.

117
Nabucodonosor era um boi que pastava na Babilônia. Hoje, como touro reprodutor, faz o maior sucesso em Goiânia.

118
Os demônios olhavam para ele com olhos amarelados. Abriu sua alma e, quando viu o olhar deles ficar verde, soube que estava salvo.

119
Um sátiro de bacanais, uma messalina dos carnavais e cinco duendes infernais, aquele sonho foi demais!

120
Num momento normal de si mesmo, olhou-se para dentro e descobriu que há muito tempo não se via.
Microcontos de Carlos Seabra - http://seabra.com/microcontos

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