61 a 70 (alieníenas a incêndio)
Os habitantes daquele planeta iam a templos, que eram salas escuras, carregando pipocas e refrigerantes para suas oferendas.
062
O náufrago na ilha deserta agora só tinha os olhos no céu, onde as nuvens desenhavam tudo o que ele precisava.
063
Na noite da cidade, as janelas acesas e apagadas dos prédios formavam códigos ainda não decifrados.
064
A múmia saiu de seu sarcófago e, atravessando a tela do cinema, colocou a todos em alucinada fuga.
065
Nas férias, a chuva no asfalto duplicava a cidade, o céu e seus prédios, refletidos nas ruas molhadas sem trânsito.
066
Era um amor proibido. Ela era histérica e ele deprimido.
067
A natureza odeia o vácuo. Coitada daquela gorda bunda, que ficou presa pela sucção na privada do avião.
068
O assunto do bairro todo naquela semana era o casamento do padre com o travesti.
069
Pela última vez, escreveu seu nome na orla da praia e ficou vendo as ondas o apagarem para sempre.
070
As chamas queimaram tudo. Nos escombros do prédio, aquela privada, branca e reluzente, não fazia o menor sentido.
microcontosMicrocontos de Carlos Seabra - http://seabra.com/microcontos
Postar um comentário
<< Voltar para a página inicial