22 dezembro 2004

31 a 40 (guarda-chuva a mamilos)

031
O velho guarda-chuva esquecido andou de mão em mão até chegar a um mendigo, seu último destino.

032
O suicida era tão meticuloso que teve que refazer diversas vezes o nó da corda para se enforcar.

033
Ela se prostituía sempre na mesma esquina. Naquela noite só um dos seus sapatos estava lá.

034
O debate estava demorado. Cada intelectual era mais erudito que o outro. Metade da platéia dormia, alguns sonhavam.

035
Seu decote chamava tanto a atenção que, naquela noite, até os olhares que não a fitavam ficaram ruborizados.

036
O careca apaixonado suava tanto ao luar daquela noite de verão que a namorada podia ver todas as estrelas em sua calva lustrosa.

037
Foi no momento mais dramático daquela tragédia que todo o teatro veio abaixo em gargalhadas, ao tocar a pantera cor-de-rosa em algum celular.

038
No fim da festa, o vinho caiu na roupa da mulher e molhou seu álibi.

039
O ministro era muito gordo e o coronel magro demais. Mas nunca fizeram média pois eram muito radicais.

040
Suas colegas riam nervosas, os meninos engoliam em seco e ela ficava ruborizada. Só seus mamilos, bem duros, permaneciam imperturbáveis.
Microcontos de Carlos Seabra - http://seabra.com/microcontos

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