11 a 20 (novela a embaixador)
Todo o dia ela assistia a novela. A cada capítulo se apaixonava mais pelo ator. Quando este se casou com a heroína, ela resolveu dar para o vizinho.
012
Juquinha era o mais mal-comportado da classe. Ele fazia de tudo para ser castigado, só para ficar mais tempo com a professora.
013
Matou todos no cinema e voltou para casa ainda a tempo de dar o leite quente e o remédio à sua velha avó.
014
Ele soube que ela tinha outro quando a comida dela deixou de ser a gororoba de sempre. Mas calou-se e engordou.
015
Dom Quixote do asfalto ataca semáforos de vento para resgatar Dulcinéia do congestionamento.
016
O jornal estampava na manchete como a economia ia bem. Debaixo dele, o mendigo que abrigava dormia, agora despreocupado.
017
O garotinho estava correndo e bateu com a cabeça. Teve que levar três pontos, mas só berrou mesmo foi na hora da anestesia.
018
O movimento de tropas não deixava mais dúvidas a respeito da guerra que se iniciava. Mas seu maior problema no momento era cortar aquele bife duro.
019
O torturador não conseguia dormir com os gritos e gemidos de suas vítimas, dubladas pelos pernilongos invisíveis que habitavam sua noite.
020
Ao sorver o primeiro gole de café, a xícara quase lhe caiu das mãos, a boca e garganta queimadas contiveram um grito. Então o embaixador sorriu.
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